• A RAWA apela às Nações Unidas e à comunidade mundial depois da queda de Kabul


  • Um recorde horrendo

    A Aliança do Norte pode tentar redimir-se, mas as pessoas de Kabul provavelmente não irão esquecer as atrocidades passadas

    The Guardian , Novembro 16, 2001
    Micheal Griffin


    A historia tem o habito de se repetir no Afeganistão, por muito horrendo que tenha sido o passado. Assim, a derrota desta semana dos Taliban assemelha-se misteriosamente à luta que os homens de Ahmed Shah Massoud tiveram em setembro de 1996. Curiosamente, o plano das Nações Unidas, acordado esta semana em Nova York, com o intuito de criar um governo de transição na capital afegã necessitaram uma procura rápida de um esboço proposto de 1994.


    Mas, mantém-se o facto de que entre 1992 e 1996, a Aliança do Norte foi um símbolo sistemático de massacres, violações e pilhagens. É Por esta razão que nós –e incluo o departamento de estado Norte Americano– recebemos bem a chegada dos Taliban a Kabul. A Aliança do Norte deixou a cidade em 1996, com um rasto de 50,000 mortes e, agora os seus membros são os nossos soldados. Com certeza que melhor, do que o Sr. Bin Laden, mas o que irão fazer –sob o nome de Deus– em nosso nome?

    The Independent (UK), Novembro 14, 2001
    Ambos os planos foram designados para prevenir que Kabul se torna-se a cenário de guerra urbana entre facções com o intuito de assegurar objectivos a curto prazo. Esta versão falhou. Após a mais enfraquecida tomada de Kabul, pela Aliança do Norte na passada terça feira, muitos dos habitantes da cidade receiam que esta vitoria os remeta para os pesadelos vividos entre 1992-1994, quando 40-50,000 civis pereceram debaixo do bombardeamento que atingiu a maioria da cidade, enquanto centenas de milhar se puseram em fuga.

    A lei e a ordem foram quebradas com a entrada dos mujahedin em Kabul (abril 1992)após a deserção do governo pro-Uzbek do general Rashid Dostum para a guerrilha do comandante Ahmed Shah Massoud. Dostum's montou uma milícia, que tinha anteriormente lutado sem piedade contra os mujahedin e atacou a população civil deixando para trás muitos mortos no seu caminho.

    As facções montaram obstáculos na estrada a cada 100 metros, dividindo a cidade num mosaico de conflitos territoriais espalhando o medo, pilhagens e execuções sumarias contra os seus rivais étnicos.

    Apesar do rejubilar com a entrada das tropas da Aliança na capital, terça feira passada, a recusa da maior parte das mulheres de retirar a tão odiada burka mostrou-se como uma forte lembrança ao perigo representado pela face daqueles que vieram das montanhas.

    A luta em Kabul começou em 1992, após um grupo de homens sábios convocados pelo professor Burhanuddin Rabbani, o apontaram como presidente do Afeganistão para afronta de cinco a sete lideres de facção, incluindo Gulbuddin Hekmatyar, chefe do partido pasthun paquistanês Hizb-I Islami. Rabbani, enquanto líder da Aliança do Norte, contou com o apoio do seu partido, Tajik Jamiat-I Islami, um fragmento do partido Pashtun encabeçado por Abdul Rasul Sayyaf (membro jovem da Aliança). Lutando lado a lado, Hekmatyar foi a força Shia do Hizb-I Wahdat, agora a voz mais influente da Aliança do Norte, após os Tajiks.

    A 11 de Fevereiro de 1993 as forças de Massoud e Sayyaf's entraram em Hazara, subúrbios de Afshar matando(segundo fontes locais) para cima de 1000 civis; idosos, mulheres, crianças e mesmo os cães destes foram decapitados.

    A especialidade de Sayyaf, de acordo com a organização "Human Rights Watch", baseava-se na retirada de pequenos contentores de metal que as cidades afegãs têm, enche-los de capturados de Shia e pegar fogo. Após a conquista de Mazar-i-Sharif em Agosto de 1998, os Taliban usaram a mesma técnica.

    As forças de Shia Hizb-Wahdat, lideradas por Karim Khalili tiveram uma vingança violenta para com os Taliban capturados, nas poucas vezes em que ganharam nos decorridos quatro anos. Um ano antes da derrota dos Taliban, aquando a tomada de Mazar-i-Sharif, foram descobertos cerca de 2,000 prisioneiros Taliban queimados e enterrados em valas comuns. As suas mortes atribuídas aos defensores Uzbek e Shia da capital do norte.

    Massoud parece ter trabalhado arduamente na destruição do " mau cheiro" de abuso dos direitos humanos a que o seu exercito aderiu, ao aliar-se aos homens de Sayyaf e Dostum. Há, somente um relatório critico à sua conduta, feito por organizações de direitos humanos, nos cinco anos entre a expulsão de Kabul e seu assassinato a 9 de setembro.

    Alguns críticos à Aliança do Norte e, em particular o presidente do Paquistão Parvez Musharraf, são desonestos quando atribuem às facções mojahedin total responsabilidade pelo desastre humano e infra-estrutural do período da guerra civil. O maior responsável pela lista de mortes em Kabul foi a facção Pashtun Hizb-I-Wahdat, liderada por Gulbuddin Hekmatyar, o maior protegido do Paquistão ate ter alterado o seu apoio para os Taliban.

    O projéctil de Hekmatyar e o bombardeio de artilharia de Kabul iniciados em agosto de 1992, fez com que os raides dos EUA parecessem uma cirurgia cerebral. Um simples ataque a 13 de agosto, matou 80 civis e feriu 150, dando inicio a mais ataques repetidos diariamente por mais dois anos. Em dois meses de intensivos rockets em 1994, foram 4,000 pessoas mortas, 21,000 feridas e 200,000 forçadas a deixar a cidade. Qualquer preocupação que Islamabad pode ter expressado sobre Kabul, sustentou a demolição da capital por Hekmatyar.

    Ha fortes indícios que, mesmo sem Massoud que a liderança da Aliança está preocupada com a imagem publica. As forces da elite, presentemente a patrulhar a capital foram treinadas especificamente para garantir a segurança das populações urbanas.

    Nos últimos dois meses, desde o 11 de setembro, observadores verificaram que a aliança trocou os seus shalwar khamis, para nova batalha, á semelhança de um exercito convencional. Entretanto, o porta voz da Aliança relembra que eles são representantes da Frente Unida, um partido de reconciliação nacional distante dos crimes da guerra civil, no qual os grupos da velha facção estão extintos. Os habitantes de Kabul vivem na esperança que esta mudança, seja mais do que uma "limpeza de pele".

    Michael Griffin's colhendo a tempestade: o movimento Taliban no Afeganistão é divulgado pela imprensa Pluto. griffin_mj@btinternet.com





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